A verdadeira espiritualidade não é a minha capacidade de falar para Deus o que quero, mas a minha disposição em ouvir qual é a vontade dele para mim.
Toda a nossa perspectiva teológica moderna aponta para uma salvação futura, como se todo o interesse do Evangelho fosse garantir uma moradia eterna para você viver depois que essa vida acabar. Essa percepção é meramente religiosa.
A salvação que o Evangelho propõe não é para depois da morte, é para que você não morra, e só tem um jeito de não morrer, que é viver. A vida eterna não é uma vida que dura para sempre e sim uma vida tão intensa, profunda e significante que nunca chega ao fim. Você pode se perguntar: como isso pode ser possível? A resposta é muito simples “encontre o propósito da sua vida e viva por ele”. A falta de propósitos na vida tem feito pessoas morrerem antes da morte chegar.
Nós institucionalizamos o sentido da vida, burocratizamos o propósito, engessamos os ideais. Para viver aquilo que Deus tem para você é necessário um processo tão complexo que preferimos passar os nossos dias desapercebidos.
Você sabe o que Deus quer de você? Você sabe qual é a sua vocação? Sua vocação não está atrás de você (passado), e nem adiante de você (futuro), ela está diante de você (presente). Porque Cristo não está com você e nem além de você, Cristo está EM você, e essa é a esperança da glória (Cl 1:27).
O sentido da nossa vida se cumpre no discernimento do que Deus estabeleceu para nós desde a eternidade.
Uma vida vocacional é uma vida que corresponde aos desígnios de Deus como propósito existencial e fundamental para vida, de modo que, não existe vida fora da vocação. Institucionalizar esse propósito talvez seja o maior revés das nossas organizações.
Um dos objetivos da igreja na atualidade é resgatar os elementos vocacionais de uma teologia que ficou inteiramente institucionalizada. Precisamos resgatar um ensino com foco na vocação e não no dogmatismo institucional.
Passamos anos indo aos encontros dominicais sem nunca sequer desenvolver a curiosidade do que Deus quer de nós.
Em nossos encontros não sobra tempo para ouvirmos, só para despejarmos sobre Deus as nossas demandas.
A Igreja é muito mais do que uma simples instituição, ela é o encontro de pessoas vocacionadas com potencial para transformar a realidade onde está inserida.