Você é um obreiro ou um discípulo?
Salvação não é a solução de um problema que eu tinha e que foi resolvido pela morte de Jesus. O meu problema com Deus não foi sobre coisas erradas que fiz, mas sim que a vontade dele ficou totalmente desarmonizada com a minha.
As coisas erradas que fazemos é apenas consequência dessa desarmonia. E a graça está para garantir uma perfeita harmonia entre as vontades. Então a medida que o Espírito de Deus habita um cristão, ele agora vive em conflito com a sua própria vontade e não mais com a vontade de Deus. Porque aquilo que a minha humanidade quer é contrária à vontade estabelecida dentro de mim.
Por isso a graça não é apenas um favor que não mereço, mas sim uma forma pedagógica para transformar a minha natureza, me dando um novo entendimento sobre tudo. E essa obra de Salvação se torna completa em nós no amor do Pai, na graça do Filho e na comunhão promovida pelo Espírito.
Então graça não é Deus me fazendo um favor, mas é Deus transformando a minha natureza.
Sem a obra de Jesus, o Cristo, a cruz era minha culpa, por isso todos nós seriamos levados a ela obrigatoriamente. Por isso que Cristo, que não tem pecados, é o único levado à cruz espontaneamente. E quando vai a ela espontaneamente, Ele perdoa todos os pecados daqueles que tinham a cruz obrigatoriamente. E agora que Ele me perdoou os pecados, e a cruz não é mais a minha obrigação, então posso ser como Cristo e encará-la espontaneamente. Essa é a consciência que o Evangelho gera em nós. Não é apenas uma consciência de sinceridade, mas de sensibilidade.
Um estuprador pode ser sincero quando diz que violentou uma mulher porque sentiu desejos por ela. Uma criança é sincera ao se jogar no chão do mercado e fazer um escândalo porque quer que os pais comprem algo. Desde um ato extremamente abominável até um totalmente infantil pode estar cheio de sinceridade. Deus quer despertar em nós sensibilidade. As pessoas acham que a sinceridade é o passaporte para falarem tudo o que quiserem, mas se não houver a sensibilidade nas palavras essa sinceridade é pura arrogância.
A consciência promovida em nós através do Evangelho nos leva a compreender o que é amar no seu sentido completo. Como disse o Apóstolo Paulo à Igreja de Coríntios, o amor é desconexo de qualquer circunstância, questão, razão ou motivo. Aliás, se houver um motivo para amar é muito provável que o que estamos sentindo não seja amor, porque o amor é desinteressado. Você já se perguntou por que Deus te ama? Certamente não encontrará resposta para essa pergunta, isso porque não existe uma razão para que Ele te ame, e se existisse, isso não seria amor. Se existisse uma razão para Deus nos amar, Ele poderia a qualquer momento deixar de fazê-lo assim que essa razão fosse contrariada, como por exemplo: “Deus me ama porque sou honesto”, o dia em que eu deixar de ser honesto, Ele não teria mais razão para me amar, e portanto, abandonaria esse amor. Como disse o Apóstolo João “Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o Seu Filho unigênito...” (João 3:16). Sem razão, sem motivo, sem expectativas, sem interesse. Mas então, por que Deus nos amou? Ele nos amou porque é o amor, isso faz parte da Sua essência, não é apenas um sentimento vinculado a um motivo. Deus nos ama porque é isso que Ele é; amor.
Por isso o fundamento da mensagem anunciada por Jesus é o amor, e por isso Ele nos mandou amar a todos, inclusive os nossos inimigos, porque esse amor passa a fazer parte da nossa essência uma vez que conhecemos o Evangelho e nos tornamos propícios a amar.
O amor como essência e não como sentimento explica a maneira como Jesus viveu, como se importou, como cuidou, como teve paciência, como orientou, como não fez acepção, como viveu e como morreu.
Resgatar esse ensino é fundamental para a saúde teológica da nossa geração. O amor não é seletivo ou meritório, mas sim sacrificial, porque é essência.
Vamos entender melhor através da seguinte pergunta: O que foi a tentação sofrida pelo homem?
A tentação não foi um fruto que o homem comeu e não deveria. A tentação foi o desejo humano de ter o poder sobre si mesmo. E depois que o homem experimentou o poder sobre si mesmo, agora ele vive para ter poder sobre os outros.
A inversão de valores apresentada nas entranhas do Evangelho faz com que os seguidores de Jesus andem na contramão do mundo. No Evangelho de Lucas 22:26 o evangelista diz que “o maior deverá ser o servo”, como isso é oposto a mensagem atual!
O Evangelho nos dá sentido, porque ele nos une como uma família, de maneira que tudo deve ser compartilhado, o que somos, o que temos e o que sentimos e essa é a essência do amor e isso é essencial para viver o Evangelho.
Por isso ao propor uma consciência de Evangelho e não de Ativismo Cristão você verá pessoas que amam a Deus e por isso cuidam umas das outras naturalmente, e com isso o bem-estar e o crescimento da igreja em todos os aspectos se tornam consequências.
O Ativismo Cristão vem nos trazer uma ideia de individualidade (Deus a meu favor), enquanto o Evangelho nos agrega como uma família.
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